Poderíamos chamar de roteiro pronto… se Rubini não fosse tão bom em improvisar.
- Victor Mantovani
- 11 de jun.
- 2 min de leitura
A vitória de Fábio Santos é quase um item fixo na programação: tem corrida, tem ele vencendo. É o “pão nosso de cada dia”. É simples: se larga na frente, é vitória. Sem muita margem para debate, sem surpresas. E o mais curioso é que essa constância, que em outros contextos seria até chamada de entediante, em sua realidade é fascinante. Fábio é daqueles pilotos que dominam a arte da concentração absoluta. Nada parece tirá-lo do prumo. Ele não apenas corre; impõe verdadeiramente o ritmo da corrida.

Já vimos esse roteiro antes. Se lembram de MC2? Ou de RC4? Pois é. Agora é a vez de FS38 fazer o mesmo: ditar a cadência da temporada com autoridade e uma tranquilidade quase que irritante de tão eficiente. Mas é verdade também que todo protagonista precisa de um contraponto. Por mais que a excelência seja admirável, é na tensão, na rivalidade, que o tudo de melhor realmente acontece. É aí que entra Stephen Rubini, o francês da Honda.
Rubini tem carisma e presença. Além do inegável talento nas pistas, o cara é boa pinta. Tem aquela aura de herói clássico: o que apanha, o que sofre, e aquele que volta mais forte. Enquanto Fábio é o rolo compressor metódico e pragmático, Rubini é emoção. Sua jornada parece tirada de um roteiro de cinema: mais azarado, mais discreto nas coletivas, mais humanamente errante. Quando vence, parece que todo mundo venceu junto (mesmo o público não compartilhando da mesma nacionalidade). É suor, é superação, é narrativa pura.

Curiosamente, o "trash talk" costuma vir mais do lado mais tímido, Fábio Santos. Talvez por saber que está no topo, talvez pelo fato da autoafirmação ser motivadora, ou quem sabe talvez apenas por estilo mesmo. Já Rubini responde com polidez - mas não de forma menos competitiva.
E eu, como espectador, fico no meio desse embate de personalidades e estilos. Confesso: gosto de Fábio. Gosto dessa dominância que impõe respeito, mentalidade inabalável. Mas também gosto do Rubini. Porque o esporte, no fim das contas, vive dessa dualidade, como Senna e Prost (referência inevitável).
Essa rivalidade é o que mantém a temporada interessante. É o que transforma o previsível em espetáculo. Fábio pode vencer com frequência, mas quando Rubini vence, o gosto da vitória tem também muito sabor, mais raro, mais doce, mais carregado de contexto.
E quanto aos outros pilotos, como Aranda e Horebeek? Com todo respeito, ainda não são parte ativa dessa dramaturgia. São nomes de respeito no cenário mundial, têm técnica, mas por enquanto estão mais para coadjuvantes. Quem sabe em outro momento, com outra história.
Por ora, seguimos assim: Fábio vencendo com autoridade, Rubini resistindo com charme e coração, pronto para nos surpreender. E nós, fãs, no meio desse enredo esportivo quase perfeito, onde até a previsibilidade tem um toque mágico.
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