top of page

OPINIÃO: Do Melhor ao Pior | MX1GP Brasil - Santa Cruz do Capibaribe PE

  • Foto do escritor: Victor Mantovani
    Victor Mantovani
  • 22 de jul.
  • 2 min de leitura

DO PIOR:

Todos, absolutamente todos que testemunham uma etapa profissional do Brasileiro de Motocross pela primeira vez saem impactados. É inevitável. A experiência ao vivo é um choque sensorial: a velocidade, o cheiro de combustível, o ronco das motos, e o calor da plateia compõe um clima que nenhuma lente consegue reproduzir.


No entanto, a transmissão televisiva (essa vilã de boa intenção) tem tropeçado em sua ânsia por proximidade. O uso exagerado do zoom torna-se um espetáculo de amputações visuais: vemos a perna, mas perdemos a moto; vemos o braço, mas não a linha de corrida. Em certos momentos, mais parece um documentário sobre anatomia do que sobre motocross. Resultado? O telespectador, coitado, perde a noção de espaço e a leitura dos duelos em pista se transforma num jogo de adivinhação.


Já nas redes sociais, há um fenômeno que me causa certo desconforto, e não, não é por moralismo, juro. É algo quase íntimo que quero aqui e agora compartilhar com vocês. A obsessão por tombos, quedas e escorregões parece ter virado moeda corrente no mercado da atenção. Quanto mais doloroso o tombo, mais alto o número de cliques. Entendo: a curiosidade humana é movida pelo caos, e algoritmos não têm empatia. Mas há algo de indigesto nessa vitrine, não entendo exatamente a quem interessa.


DO MELHOR:

Fredy Spagnol, ao que tudo indica, finalmente está encontrando seu lugar ao sol. Sua trajetória recente tem sido uma curva ascendente, firme e serena, e o pódio finalmente chegou como um desfecho inevitável, quase poético. Merecido? Merecidíssimo. Lembro-me bem de um story (ou talvez tenha sido um post) da Pro Tork KTM, no qual se comentavam os resultados tímidos do Fredy no ano anterior. O piloto, com a franqueza de quem não procura desculpas, respondeu que o que lhe faltava era simples: tempo de moto. Pois não é que era só isso mesmo? Tempo, às vezes, é um ingrediente excencial para separar o rascunho da obra-prima.


E falando em aplausos, a pista pernambucana foi, sem exagero, um espetáculo à parte. Não foi apenas o público nordestino que deu show, mas o próprio traçado provou não somente a potência das motos, mas também a inteligência dos pilotos. Um circuito de outro nível, deu para escutar os roncos das 450cc daqui do sudeste - ou será que eram das nacionais mexidas?


Anderson Amaral, por sua vez, estava em estado de graça. Conheço sua qualidade, claro, mas confesso: não apostava nele como vencedor da Nacional Regional. A quantidade de nomes fortes naquela categoria, especialmente na região, era intimidadora. Mas Anderson calou os prognósticos com uma pilotagem segura e inspirada, daquelas pra ninguém se esquecer.


E então veio Horebeek, como não falar dele? o belga frio e eficiente como uma peça de relojoaria suíça, mostrando por que carrega o título de vice-campeão mundial de motocross e por que já defendeu e foi campeão com seu país no Motocross das Nações. Colocá-lo numa pista de areia, ainda mais com estrutura decente e condições à altura, é como entregar um Stradivarius a um violinista de conservatório.


Agradecemos a 810 Company pela imagem cedida.

Comentários


rodapé site.png

ROOTSMX.com

© 2025

  • Instagram
  • Youtube
bottom of page